BIODIVERSIDADE

http://www.aultimaarcadenoe.com.br/index1.htm

Definição e importância

Em vista da crescente e grave ameaça que paira sobre os recursos naturais em todo o mundo, surgiu nas últimas décadas uma grande preocupação de cunho preservacionista, o que culminou nas grandes reuniões planetárias como a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, a Rio-92.
Nessa conferência foi assinada a Convenção sobre Diversidade Biológica; importantíssimo documento sobre a temática preservacionista, onde em seu art.2º, define biodiversidade ou diversidade biológica como a variabilidade de organismos vivos de todas as origens, compreendendo, dentre outros, os ecossistemas terrestres, marinhos e outros ecossistemas aquáticos e os complexos ecológicos de que fazem parte; compreendendo ainda a diversidade dentro de espécies, entre espécies e de ecossistemas.
A biodiversidade também pode ser considerada como o complexo resultante das variações das espécies e dos ecossistemas existentes em determinada região.
Seu estudo tem importância direta para a preservação ou conservação das espécies, pois entendendo a vida como um todo teremos mais condições de preservá-la, bem como é de suma importância para o nosso desenvolvimento, resultando o aproveitamento dos recursos biológicos para que sejam explorados de maneira menos prejudicial à natureza, conservando-a o mais possível, permitindo a harmonia entre o desenvolvimento das atividades humanas e a preservação, chamando-se isso modernamente de desenvolvimento sustentável.
A referida Convenção teve a finalidade, entre outras, de chamar a atenção dos países signatários e também do mundo em geral, da importância da biodiversidade, dos valores ecológicos, social, econômico, científico e cultural, bem como reafirmou que os Estados são responsáveis pela sua conservação para a obtenção de um desenvolvimento sustentável. Considerou também que é de importância vital a conservação da biodiversidade para atender as necessidades da população mundial.
Devemos lembrar ainda que a biodiversidade é uma extraordinária fonte de recursos alimentar e energético que pode ser plenamente utilizada pelo homem, o que praticamente não acontece, bem como o Brasil é o país de maior diversidade de vida possuindo entre 10 e 15% de toda a biodiversidade do planeta.
Segundo Edward O.Wilson ( Diversidade de Vida, Ed.Companhia das Letras, 1994) nunca a terra teve tanta diversidade de vida como em nossa era, havendo muito ainda a se estudar e descobrir.
Na região amazônica encontra-se a maior biodiversidade do planeta, porém está ameaçada pela descontrolada expansão econômica neste final de século, o que está merecendo a atenção dos ambientalistas de todo o mundo.

 

Corredores Biológicos

Definição:
Corredor biológico pode ser conceituado como grande extensão de ecossistemas naturais interligados por um conjunto de unidades de conservação tento públicas quanto particulares, que permite uma maior "oxigenação genética", possibilitando a manutenção da biodiversidade com seus processos evolutivos.

Tipo de ecossistema:
Na verdade os corredores biológicos podem ser implementados em qualquer tipo de bioma ou ecossistema, mas é para a proteção das florestas tropicais que foi praticamente criado e desenvolvido.

Objetivos principais:
- a conservação "in situ" da biodiversidade de determinada área natural, através da integração das unidades de conservação;
- implementação de unidades modelos em áreas de alta prioridade de biodiversidade;
- incentivar a expansão de RPPNs (Reservas Particulares do Patrimônio Nacional) e preservar grandes blocos de florestas através da integração das populações envolvidas.

Natureza jurídica:
Em termos de direito ambiental um corredor ecológico pode ser considerado como uma forma administrativa de preservação ambiental, fazendo parte do sistema nacional de proteção ao meio ambiente.

Comentários:
Possuidor de cerca de 1/3 do remanescente das florestas tropicais do planeta, o Brasil encontra-se privilegiadamente na posição de país de maior diversidade biológica do mundo, graças evidentemente as suas florestas, pois estes ecossistemas são reconhecidos como de grande biodiversidade. Um grande percentual dos animais como mamíferos, aves e répteis, bem como plantas estão na região florestal brasileira. Só na Mata Atlântica encontramos 73 espécies de mamíferos, 160 de aves,128 espécies de anfíbios e cerca de 20.000 espécies de plantas, o que a torna uma das mais exuberantes e importantes florestas do globo.
Na região amazônica a atividade agrícola e a exploração da madeira vêm trazendo grande impacto ambiental, com perdas atuais por volta de 14 mil km2 de sua área verde, perdendo já cerca de 8% da área total da floresta; além disso, as queimadas vêm contribuindo com 10% das emissões mundiais de gás carbônico. Há, ainda, desperdício de madeira pois aproveita-se apenas parte e erosão dos rios pelo desmatamento.
A situação está caminhando para um futuro caos ambiental, pois as unidades de conservação estão praticamente no papel e a filosofia preservacionista era até pouco tempo no sentido de apenas delimitar áreas de preservação, sem nenhuma atuação protetiva adicional.
O entendimento de que a opção pela formação de ilhas biológicas é a melhor está mudando, entendendo-se agora que para a manutenção da biodiversidade é necessário manter estas ilhas interligadas, pelo que se denomina corredor biológico. Essa nova forma ou abordagem na problemática preservacionista no Brasil está sendo desenvolvida por pesquisadores de setores públicos e privados que criaram o Programa Piloto para a Proteção das Florestas Tropicais do Brasil- PP/G7, sob a coordenação do Ministério do Meio Ambiente. Este programa desenvolve o Projeto: Parques e Reservas implantando Corredores Ecológicos na Amazônia e na Mata Atlântica, sendo dois nesta e sete naquela.
Este projeto tem como objetivos a conservação in situ da biodiversidade das florestas tropicais, através da integração das unidades de consevação; implementação de unidades modelos em áreas de alta prioridade de biodiversidade; incentivar a expansão de RPPNs (Reservas Particulares do Patrimônio Nacional) e preservar grandes blocos de florestas através da integração das populações envolvidas (Projeto Parques e Reservas, MMA e PP-G7).
Portanto, a formação de corredores biológicos é de suma importância na tentativa de preservação ambiental, sendo uma forma moderna e que traz esperança na luta pela melhor qualidade ecológica de nossas florestas e conseqüentemente de preservação da nossa riquíssima biodiversidade.

 

Áreas urbanas

Quando se fala em perda da biodiversidade logo vem à mente as formas florestais, onde a vida pulula mais abundantemente, porém a perda da diversidade de vida não está adstrita apenas aos ecossistemas mais complexos como as florestas tropicais, por exemplo, mas ocorre também em outros sistemas biológicos menos complexos como as áreas semi-áridas e até nas cidades.
Normalmente as espécies animais e vegetais obedecem a um ciclo de vida composto de surgimento, clímax e extinção, o que leva milhões de anos para ocorrer. Todavia, o ser humano apesar de "novo na Terra" em termos geológicos vem alterando significativamente o equilíbrio ecológico, interrompendo assim o ciclo natural das espécies com a destruição dos ecossistemas e com eles as suas espécies. A conclusão da grande extensão da perturbação da atividade humana nos ecossistemas como fator de destruição parece ser ponto pacífico entre os cientistas e ambientalistas.
Nas áreas urbanas, ou seja, naquelas em que há aglomeração de pessoas e concentração das atividades humanas com formação de vilas ou cidades, os efeitos da degradação ao meio ambiente são muito grandes e, por óbvio, o impacto na diversidade de vida também é igualmente grande.
Entre os inúmeros fatores que colaboram para a perda da biodiversidade nos centros urbanos podemos destacar principalmente: o descontrolado uso do solo para edificação; a falta de planejamento condizente as características ambientais do local; os danos causados à atmosfera e a água pelos resíduos tóxicos dos automóveis e industrias; a introdução de animais predadores a fauna local que acabam dizimando, como por exemplo a introdução de cães e gatos; os danos causados por problemas de zoonose referente a introdução de espécies exóticas; a destruição dos micro-ecossistemas como brejos, lagoas naturais que interfere no sistema hídrico e na drenagem, assim como destrói a fauna e flora; a falta de consciência ambiental etc.
Em todo o mundo os centros urbanos estão cada vez mais adensados calculando-se que ao final do século mais de 70% da população mundial estará vivendo nas cidades e mais de uma dezena delas terá acima de 10 milhões de habitantes. Isto está fazendo com que seus reflexos aumentem proporcionalmente ao crescimento populacional atingindo a biodiversidade local e ao redor por reflexo, pois a cidade como um ecossistema que é necessita de energia de fora para alimenta-la e seu impacto pode ser observado em ecossistemas naturais distantes como por exemplo florestas e lagos que recebem a sua poluição ou servem de fornecedores de recursos, degradando-os.
Neste sentido é interessante anotar a informação de Denis D. Murphy de que na Grã-Bretanha, onde a agressão contínua de séculos já extinguiu espécies vertebradas, agora vem extinguindo as invertebradas (Desafios à Diversidade Biológica em Áreas Urbanas, in Biodiversidade, E.O.Wilson (org.), Ed. Nova Fronteira. 1997, p.89).
Portanto, vemos que as áreas urbanas são problemáticas em termos ambientais e responsáveis pela extinção de milhares de espécies, só conseguindo manter pouquíssimas que se adaptaram a suas exigências, sendo cada vez mais pobres em qualidade de vida, o que é lamentável.
Sabendo disso, o Poder Público e a coletividade devem tomar as cautelas e medidas necessárias para minimizar o problema, sob pena de vivermos em um ambiente que cada vez mais inóspito e agressivo a diversidade de vida, na qual nos incluímos