HABILIDADES E COMPETÊNCIAS

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Uma série de expressões, relativamente novas, povoam o discurso pedagógico atual: parâmetros curriculares, temas transversais, interdisciplinaridade, educação inclusiva,entre outras. Este texto busca examinar o sentido da expressão habilidades e competências nos textos sobre educação. Em primeiro lugar, é preciso verificar se a introdução destes termos nos debates sobre o ensino corresponde a uma preocupação nova dos educadores ou se consiste apenas numa nova denominação para algo pré-existente.

Parece que a ênfase na idéia de desenvolver nos alunos habilidades e competências procura chamar atenção para a necessidade de o ensino escolar ser menos orientado para a assimilação de conteúdos e mais voltado para a aquisição de capacidades, que permitam ao indivíduo desenvolver-se plenamente. É possível demonstrar, no entanto, que esta preocupação não é nova. Já em 1933, o Código de Educação do Estado de São Paulo definia como uma das finalidades da escola primária "dar aos alunos educação integral em que tenham preponderância, sobre a aquisição de conhecimentos de pura memória, a formação intelectual, moral e cívica" (p.45). No entanto, se é verdade que o interesse pelo desenvolvimento de habilidades e competências nos alunos não é algo recente, por outro lado é preciso reconhecer que o uso dessas expressões nos debates atuais não consiste numa mera mudança de terminologia.

A solicitação pelo desenvolvimento das habilidades e competências nos alunos refere-se às novas exigências que o mundo social e o mundo do trabalho estão impondo à escola. Há algumas décadas, bastava que o ensino básico se comprometesse a ensinar a ler e a escrever, alguns rudimentos de cálculo e noções da história e da geografia brasileiras, além de transmitir o sentimento de nacionalismo e noções de higiene. Considerava-se que dessa forma seria possível formar um indivíduo preparado para o trabalho, a participação na sociedade como cidadão e o desempenho do papel de pai ou de mãe. Atualmente, para dar conta dos mesmos objetivos, ou seja, exercício de uma profissão, participação social e familiar, tornou-se necessário desenvolver nos alunos outras capacidades. É preciso levar em conta que o mundo contemporâneo está exigindo dos indivíduos que sejam capazes de manter-se continuamente atualizados, de lidar com uma quantidade imensa de conhecimentos e informações para compor e incrementar a sua própria formação, de estabelecer contatos e relações internacionais, de ter uma atuação responsável diante das questões sociais e ambientais etc. Daí a necessidade de se definir novas habilidades e competências a serem desenvolvidas na escola.

Dentre os modelos educacionais que procuram alternativas para atender a essas exigências, os mais difundidos internacionalmente são a reforma educativa espanhola, de 1990, que pela primeira vez estabeleceu os "conteúdos transversais" e os princípios estabelecidos pela "Comissão Internacional sobre a Educação para o Século 21" de 1995, quais sejam: aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a conviver e aprender a ser. Em que medida a escola pode ensinar aos alunos tudo isso? Trata-se de uma questão importante e que merece ser discutida, mas que ultrapassa os limites deste texto.

 


Referências Bibliográficas:

 

Código de Educação do Estado de São Paulo, 1933.

Pátio: revista pedagógica, ano2, n.o.5, Maio/Julho, 1998.