Sambaqui
Texto elaborado
pelo NEA, baseado em diversas fontes
Breve cronologia
Há aproximadamente 5 mil
anos a.C., o ‘homem do sambaqui’ habitava a região de Piaçaguera,
em Cubatão.
Em 30 de agosto de 1876, o
imperador D. Pedro II visitou os sambaquis da Ilha dos Casqueirinhos.
O que é um sambaqui?
Há cerca de 6 mil anos, a
costa brasileira era ocupada por pescadores, coletores e caçadores. Estes
indivíduos espalharam-se por quase todo o litoral e os sinais mais marcantes de
sua presença são os inúmeros sambaquis,
onde moravam.
A palavra sambaqui vem do vocábulo tupi (uma das
várias línguas indígenas brasileiras) tãbaqui, que quer
dizer “amontoado de conchas”. Segundo linguistas, as
palavras que formam o termo são: tãba (mariscos) e ki (amontoado).
Os sambaquieiros
alimentavam-se de moluscos, frutos silvestres e caça de pequenos animais.
Tinham costume de acumular no local onde moravam restos de alimentos, enfeites
que usavam no corpo e artefatos quebrados ou inteiros, como pontas de ossos e
machados de pedra. Outro hábito era o de enterrar pessoas que morriam no
próprio sambaqui.
Com o passar do tempo e a
repetição desses costumes, formaram-se verdadeiros morros que chegam a
Com tanta coisa acumulada,
chegava um ponto em que ficava difícil morar ali. Aí, então, eles aplainavam o
terreno, rearrumando a camada de cima do local.
Nem as cabanas escapavam
dessa arrumação. As cabanas eram feitas de galhos e folhas; quando já não se
prestavam para a moradia, as cabanas eram destruídas de tempos em tempos,
provavelmente queimadas.
Os sambaquieiros
procuravam regiões com água potável por perto, protegidas do vento e onde
viviam diversos animais. Esses povos davam preferência à beira do mar, de uma
lagoa ou de um rio.
Os sambaquieiros buscavam,
também, locais mais altos para que pudessem observar as regiões à sua volta,
possivelmente para o controle do que acontecia por perto (por exemplo: detectar
a presença de peixes, como ainda o fazem alguns
pescadores hoje em dia). Além disso, lugares altos permitiam a visualização de
inimigos se aproximando, facilitando, assim, sua defesa.
Os sambaquieiros
fabricavam objetos de pedra. Os restos de fogueiras mostram, também, que o
preparo e o aquecimento de alimentos ocorriam nos sambaquis.
Os mortos foram enfeitados
com materiais que resistiram ao tempo. Enterrar as pessoas envolvia cuidados
como preparar a cova, muitas vezes formando-a com argila, areia, corantes,
palha e madeira. Esse padrão, porém, nem sempre é observado em todos os
sambaquis.
O sambaqui mais antigo
encontrado até hoje fica na floresta amazônica e tem cerca de 7 mil anos, e o
mais novo (de 550 anos),
Para se ter uma ideia do tempo que esses montes levavam para se erguer,
estima-se que um sambaqui de nove metros de altura (como o da cidade de Laguna,
SC) levou cerca de mil anos para ser formado.
Quais eram os hábitos alimentares
dos sambaquieiros?
Estudos evidenciam que os
sambaquieiros tinham uma alimentação que incluía peixes, frutos e coquinhos. A
presença, nos sambaquis, de restos de peixes de águas profundas indica que eles
deviam ser ótimos pescadores. Os sambaquieiros também caçavam pequenos animais
da região. Cada tipo de resto de alimento era separado um do outro: conchas
aqui, ossos acolá... Tudo era muito bem planejado.
E como terminou a história dos sambaquieiros?
Entre os arqueólogos
(cientistas que estudam civilizações antigas), circulam diversas hipóteses
sobre o que aconteceu com os sambaquieiros. Sabe-se que alguns séculos antes da
chegada dos portugueses (século XVI), eles entraram em contato com povos
vizinhos vindos do interior, chamados pelos pesquisadores de ‘ceramistas’
(dentre eles, provavelmente, estavam os tupi-guaranis). Talvez os sambaquieiros
tenham sido expulsos do litoral por esses povos e rumado para o interior,
seguindo os rios. Talvez tenham sido dizimados (eliminados). Ou, talvez ainda,
alguns deles tenham simplesmente se agregado aos ceramistas, fazendo parte de
suas populações.